QUESTÃO 1
" O Reino de Portugal, enquanto reino e enquanto monarquia está obrigado, não só de caridade, mas de justiça, a procurar efetivamente a conversão e salvação dos gentios ... Tem esta obrigação Portugal enquanto reino, porque este foi o fim particular para que Cristo o fundou e instituiu, como consta da mesma instituição. E tem esta obrigação enquanto monarquia, porque este foi o intento e contrato com que os Sumos Pontífices lhe concederam o direito das conquistas, como consta de tantas bulas apostólicas "
( ... )
Não só são apóstolos os missionários, senão também os soldados e capitães, porque todos vão buscar gentios e trazê-los ao lume da fé e ao grêmio da Igreja? Sim, porque muitas vezes é necessário que os soldados com suas armas abram e franqueiam a porta, para que por esta porta aberta e franqueada se comunique o sangue da Redenção e a água do Batismo ".
( Antônio Vieira. Sermões V e VII )
Os jesuítas exerceram um papel importante na difusão do catolicismo no mundo colonial português. No Brasil, um missionário que se destacou foi o Padre Antônio Vieira, autor de Os Sermões.
a) Transcreva do documento apresentado a justificativa de Antônio Vieira para a função desempenhada pelo Estado português na colonização das terras conquistadas.
RESPOSTA PADRÃO (GABARITO OFICIAL): " O reino de Portugal, enquanto reino e enquanto monarquia está obrigado, não só de caridade , mas de justiça, a procurar efetivamente a conversão e salvação dos gentios..."
b) Relacione a catequização efetuada pela Companhia de Jesus no Brasil ao contexto de crise política e religiosa da Igreja Católica.
RESPOSTA PADRÃO (GABARITO OFICIAL): A expansão do protestantismo na Europa abalava o prestígio político e religioso da Igreja Católica. Para conter essa expansão, a Igreja organizou um movimento que ficou conhecido como a Contra-Reforma. Em tal contexto, destaca-se a criação da Companhia de Jesus, idealizada por Ignácio de Loyola. " Os Soldados de Cristo " , como eram conhecidos os jesuítas, tinham a função de difundir o catolicismo com o objetivo de recuperar e conquistar novos fiéis. No Brasil Colonial, a política de difusão da fé católica se materializou na luta dos jesuítas pela conversão dos gentios ao catolicismo.
CLICK E LEIA SOBRE CONTRAREFORMA
pt.wikipedia.org (CONTRAREFORMA )
A Contrarreforma, também denominada Reforma Católica é o nome dado ao movimento criado no seio da Igreja Católica em resposta à Reforma Protestante iniciada com Lutero, a partir de 1517. Em 1543, a igreja Católica Romana convocou o Concílio de Trento estabelecendo entre outras medidas, a retomada do Tribunal do Santo Ofício (inquisição), a criação do "Index Librorum Prohibitorum", com uma relação de livros proibidos pela igreja e o incentivo à catequese dos povos do Novo Mundo, com a criação de novas ordens religiosas dedicadas a essa empreitada, incluindo aí a criação da Companhia de Jesus. Outras medidas incluíram a reafirmação da autoridade papal, a manutenção do celibato, a criação do catecismo e seminários, a proibição das indulgências.
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pt.wikipedia.org (COMPANHIA DE JESUS NO BRASIL)
A história da Companhia de Jesus no Brasil inicia com a chegada dos jesuítas em 1549 na Bahia. Aí fundaram um colégio e iniciaram a catequese dos índios. Posteriormente, já na segunda metade do século XVIII, seriam expulsos de Portugal e de suas colônias pelo Marquês de Pomba. Atualmente possuem vários colégios e universidades dispersos pelo país, além de paróquias e atuação no apostolado social, bem como na formação do clero, religiosos e leigos católicos.
c) Apresente duas implicações da colonização portuguesa para as sociedades indígenas do Brasil.
RESPOSTA PADRÃO (GABARITO OFICIAL): O aluno deverá apresentar duas implicações da colonização portuguesa para as sociedades indígenas no Brasil, considerando que: a ocupação das terras, conquistadas pelos portugueses a partir da expansão da lavoura canavieira, acarretou a expulsão dos indígenas de sua terra nativa; a ocupação de base militar empreendida pelos portugueses para defender o território contra as expedições estrangeiras acarretou o aniquilamento das tribos que ora se posicionavam ao lado dos portugueses ora ao lado dos inimigos dos portugueses; a aculturação dos indígenas, à medida que a colonização portuguesa se consolidava, principalmente com a participação dos jesuítas na catequização dos indígenas.
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pt.wikipedia.org (ESCRAVIDÃO NO BRASIL)
O surgimento da escravidão no Brasil
Antes da chegada dos portugueses a escravatura já era largamente praticada no Brasil. Entre as tribos indígenas, a escravatura era infligida aos prisioneiros capturados nas guerras tribais. Esta não era a única forma de se obter escravos, os índios reduziam também à escravatura os fugitivos de outras tribos a quem davam refugio. Entre as tribos que praticavam a antropofagia os escravos eram frequentemente devorados durante os rituais. Com a chegada dos portugueses os índios seus aliados passam a vender muitos dos seus prisioneiros em troca de mercadorias. Este comercio era chamado de resgates. No entanto, só podiam ser resgatados os índios de corda, aqueles que eram prisioneiros ou escravos capturados nas guerras tribais e que iriam ser devorados; e os índios capturados nas guerras justas, operações militares organizadas pelos colonos ou pela coroa. A lei de 1610 decreta que o índio assim resgatado só poderia ficar escravizado por 10 anos. Esta lei foi alterada em 1626 para que os índios pudessem ser escravizados por toda a vida. Em 1655 uma nova lei proibia fazer guerra contra os índios sem ordem do rei e impedia qualquer tipo de violência contra eles. Os índios convertidos ao cristianismo não poderiam servir os colonos mais tempo do que o regulamentado pela lei, deveriam viver livres dirigidos pelos seus chefes e padres da companhia. Estas regulamentações desagradaram os colonos que em 1661 repetidamente se motinaram em protesto.
Durante o período pré-colonial (1500 – 1530), os portugueses desenvolveram a atividade de exploração do pau-brasil, árvore abundante na Mata Atlântica naquele período. A exploração dessa matéria-prima foi possibilitada não só pela sua localização, já que as florestas estavam próximas ao litoral, mas também pela colaboração dos índios, com os quais os portugueses desenvolveram um tipo de comércio primitivo baseado na troca – o escambo. Em troca de mercadorias européias baratas e desconhecidas, os índios extraíam e transportavam o pau para os portugueses até o litoral.
A partir do momento em que os colonizadores passam a conhecer mais de perto o modo de vida indígena, com elementos desconhecidos ou condenados pelos europeus, a exemplo da antropofagia, os colonos passam então a alimentar uma certa desconfiança em relação aos índios. A colaboração em torno da atividade do pau-brasil já não era mais possível e os colonos tentam submetê-los à sua dominação, impondo sua cultura, sua religião – função esta que coube aos jesuítas, através da catequese – e forçando-os ao trabalho compulsório nas lavouras, já que não dispunham de mão-de-obra.
A escravidão no Brasil segue assim paralelamente ao processo de desterriorização sofrido por estes. Diante dessa situação, os nativos só tinham dois caminhos a seguir: reagir à escravização ou aceitá-la.
Houve reações em alguns os grupos indígenas, muitos lutando contra os colonizadores até a morte ou fugindo para regiões mais remotas. Essa reação indígena contra a dominação portuguesa ocorreu pelo fato de que as sociedades indígenas sul-americanas desconheciam a hierarquia e, conseqüentemente, não aceitavam o trabalho compulsório. Antes dos estudos etnográficos mais profundos (fins do século XIX e, principalmente, século XX), pensava-se que os índios eram simplesmente "inaptos" ao trabalho, tese que não se sustenta depois de pesquisas antropológicas em suas sociedades sem o impacto desestabilizador do domínio forçado.
Os índios assimilados, por sua vez, eram superexplorados e morriam, não só em decorrência dos maus-tratos recebidos dos colonos, mas também em decorrência de doenças que lhes eram desconhecidas e que foram trazidas pelos colonos europeus, como as doenças venéreas e a varíola e mais tarde pelos escravos africanos.
Diante das dificuldades encontradas na escravização dos indígenas, a solução encontrada pelos colonizadores foi buscar a mão-de-obra em outro lugar: no continente africano. Essa busca por escravos na África foram incentivados por diversos motivos. Os portugueses, reinois e colonos, tinham interesse em encontrar um meio de obtenção de altos lucros com a nova colônia, e a resposta estava na atividade açucareira, uma vez que o açúcar tinha grande aceitação no mercado europeu. A produção dessa matéria-prima, por sua vez, exigia numerosa mão-de-obra na colônia e o lucrativo negócio do tráfico de escravos africanos foi a alternativa descoberta, iniciando-se assim a inserção destes no então Brasil colônia. Convém ressaltar que a escravidão dos índios perdura até meados do século XVIII.Os negros vinham em navios negreiros da África do Sul. Eram escravos. Sofriam castigos físicos, eram apartados definitivamente de seus familiares.
QUESTÃO 2
"Nenhum homem recebeu da natureza o direito de comandar os outros. A liberdade é um presente do céu, e cada indivíduo da mesma espécie tem o direito de gozar dela logo que goze da razão...Toda autoridade vem de uma outra origem, que não é da natureza...O poder que vem do consentimento dos povos supõe necessariamente condições que tornem o seu uso legítimo útil à sociedade, vantajoso para a república, e que a fixam e restringem entre limites".
(Denis Diderot, [1713-1784] "Autoridade Política" na Enciclopédia)
A "Enciclopédia", cujo primeiro volume foi publicado na França em 1751, é uma obra fundamental pois organiza as idéias que orientam a rebeldia intelectual do século XVIII, movimento que chega à plenitude com a Revolução Francesa.
a) Explique, a partir do texto, uma razão para as críticas políticas formuladas por Diderot.
RESPOSTA PADRÃO (GABARITO OFICIAL): O aluno deverá explicar, a partir do texto, uma razão para as críticas políticas formuladas por Diderot, considerando que o autor ataca os fundamentos do absolutismo monárquico enfatizando os conceitos de liberdade e soberania popular.
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pt.wikipedia.org (LIBERALISMO)
O Liberalismo é uma doutrina baseada na defesa da liberdade individual, nos campos econômico, político, religioso e intelectual, contra as ingerências e atitudes coercitivas do poder estatal. Apesar de diversas culturas e épocas apresentarem indícios das ideias liberais, o liberalismo definitivamente ganhou expressão moderna com os escritos de John Locke (1632-1704) e Adam Smith (1723-1790). Seus principais conceitos incluem individualismo metodológico e jurídico, liberdade de pensamento, liberdade religiosa, direitos fundamentais, estado de direito, governo limitado, ordem espontânea, propriedade privada, e livre mercado.
b) Apresente uma concepção de caráter político representativa do pensamento iluminista divulgado pela Enciclopédia.
RESPOSTA PADRÃO (GABARITO OFICIAL): O aluno deverá apresentar uma concepção de caráter político representativa do pensamento ilustrado destacando que as idéias difundidas pela Enciclopédia defendiam a liberdade e a igualdade entre os homens, autonomia entre os três poderes e que o povo era a autoridade máxima de um país.
CLICK E LEIA SOBRE LIBERALISMO
pt.wikipedia.org (LIBERALISMO)
O Liberalismo tem como seu princípios conceitos incluem individualismo metodológico e jurídico, liberdade de pensamento, liberdade religiosa, direitos fundamentais, estado de direito, governo limitado, ordem espontânea, propriedade privada, e livre mercado.
Estado de direito é a aplicação política da igualdade perante a lei. As leis pairam igualmente acima de todos os grupos da sociedade, independente de cor, sexo ou cargo político. Não deve, portanto, representar determinado arbítrio, mas ser objetivamente imparcial.
c) Cite dois movimentos políticos no Brasil que possam ser identificados com as idéias difundidas pelos enciclopedistas.
RESPOSTA PADRÃO (GABARITO OFICIAL): O aluno deverá citar dois movimentos políticos no Brasil que possam ser identificados com as idéias difundidas pelos enciclopedistas ao final do século XVIII, tais como: Inconfidência Mineira (1789), Inconfidência Carioca (1794), Inconfidência Baiana (1798); deve-se considerar ainda a influência dessas idéias nos movimentos políticos ocorridos no século XIX, tais como: Revolução Pernambucana (1817), Independência do Brasil ( 1822 ) e Proclamação da República ( 1889).
QUESTÃO 3
"Falo na qualidade de membro e dirigente do único partido verdadeiramente nacional...
Nós, comunistas, que vivemos sempre na ilegalidade, sentimos bem o quanto difere esta nova época daqueles tempos de antes da guerra, em que vivíamos perseguidos, insultados e vilmente caluniados. Mas dez anos de guerra e perseguições contra o comunismo fizeram do nosso povo o mais comunista da América (...) Comunista para o nosso povo é aquele que de maneira mais firme e conseqüente luta contra o estado de coisas intoleráveis e injustas predominantes em nossa terra; comunista é o que quer a negação disso que aí temos, a negação da miséria e da fome, a negação do atraso e do analfabetismo..."
(Discurso de Luiz Carlos Prestes, em 22 de maio de 1945, no Estádio do
Vasco da Gama, São Januário, Rio de Janeiro).
Após passar nove anos e três meses preso e incomunicável durante a ditadura do Estado Novo, Prestes retoma, com a redemocratização, as suas atividades políticas. Nascido em janeiro de 1898, aproxima-se a data do centenário daquele que foi um dos mais importantes atores do Brasil republicano.
a) Cite dois movimentos políticos de repercussão nacional dos quais Prestes tenha participado com destacada liderança.
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pt.wikipedia.org (LUÍS CARLOS PRESTES)
O início do movimento rebelde
Em outubro de 1924, já capitão, Luís Carlos Prestes liderou um grupo de rebeldes na região missioneira Rio Grande do Sul, saiu de Santo Ângelo, e se dirigiu para São Luiz Gonzaga onde permaneceu por dois meses aguardando munições do Paraná, que não vieram. Aos poucos foi formando o seu grupo de comandados que vieram de várias partes da região. Rompendo o famoso "Anel de ferro" propagado pelos governistas, rumou com sua recem formada coluna para o norte até Foz do Iguaçu. Na região sudoeste do estado do Paraná, o grupo se encontrou e juntou-se aos paulistas, formando o contingente rebelde chamado de Coluna Miguel Costa-Prestes, com 1500 homens, que percorreu por dois anos e cinco meses 25.000 km. Em toda esta volta, as baixas foram em torno de 750 homens devido à cólera, à impossibilidade de prosseguir por causa do cansaço e dos poucos cavalos que tinham, e ainda poucos homens que morreram em combate.
O comando da ANL e a deportação de Olga
No Brasil, Prestes encontra o recém constituído movimento Aliança Nacional Libertadora (ANL), de cunho antifascista e antiimperialista, que congregava tenentes, socialistas e comunistas descontentes com o Governo Vargas. Mesmo clandestino, o Cavaleiro da Esperança é calorosamente aclamado presidente de honra da ANL em sua sessão inaugural no Rio de Janeiro.
Prestes procura então aliar o enorme crescimento da ANL, com a retomada de antigos contatos no meio militar para criar as bases que julgava capazes de deflagrar a tomada do poder no Brasil. Em julho de 1935 divulga um manifesto exigindo "todo o poder" à ANL e a derrubada do governo Vargas.
Vargas aproveita a oportunidade e declara a ANL ilegal, o que não impede Prestes de continuar a organizar o que acabou por ficar conhecido como a Intentona Comunista.
CLICK E LEIA SOBRE INTENTONA COMUNISTA
Intentona Comunista, também conhecida como Revolta Vermelha de 35 e 'Levante Comunista, foi uma tentativa de golpe contra o governo de Getúlio Vargas realizado em novembro de 1935 pelo Partido Comunista Brasileiro em nome da Aliança Nacional Libertadora.
A Revolta Vermelha de 1935 inscreve-se como conspiração de natureza político-militar, pelas suas reivindicações políticas imediatas (de protesto político-institucional contra um governo autoritário) dentro no quadro dos movimentos tenentistas realizados no Brasil desde a década de 1920. No entanto, articulou estas reivindicações, sob influência comunista, à idéia de uma revolução "nacional-popular" contra as oligarquias, o imperialismo e o autoritarismo, propondo, no seu horizonte de reivindicações menos imediatas, como: a abolição da dívida externa, a reforma agrária, o estabelecimento de um governo de base popular - em outras palavras, uma revolução "nacional-libertadora", que, embora estabelecida por um movimento armado, não se propunha a ultrapassar o quadro da ordem social burguesa (como afirmado, a época, por um dos líderes do movimento, o capitão Agildo Barata).
b) Analise a conjuntura política brasileira no imediato pós-guerra, relacionando-a com o panorama internacional.
RESPOSTA PADRÃO (GABARITO OFICIAL): O aluno deverá analisar a conjuntura política nacional do pós-guerra e sua relação com o panorama internacional, considerando no plano nacional: o fim do Estado Novo, o processo de democratização com a atuação de novos partidos como UDN, PSD e PTB, a luta pela Constituinte e o crescimento do prestígio político do Partido Comunista; no plano internacional deve considerar o avanço da democracia após o fim dos regimes nazi-fascistas, o crescimento do prestígio da União Soviética e a emergência das tensões políticas entre EUA e URSS que resultaram na Guerra Fria.
c) Destaque uma mudança significativa nas relações soviético-americanas ocorrida após a denúncia do "culto da personalidade" apresentada pelo Relatório Krushev, no Vigésimo Congresso do Partido Comunista Soviético, em 1956.
RESPOSTA PADRÃO (GABARITO OFICIAL): O aluno deverá explicar uma mudança significativa na relação Estados Unidos e União Soviética após a divulgação do " relatório " Kruschev considerando que no XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética houve a denúncia ao culto à personalidade e severas críticas ao stalinismo, o que viabilizou uma revisão da diplomacia soviética no sentido de uma coexistência pacífica com os EUA.
QUESTÃO 4
"O Marechal Mobutu Sese Seko retornou discretamente à Kinshasa na quarta - feira, 21 de março. As personalidades políticas e os jornalistas que se encontravam no aeroporto não o puderam ver. À noite, um lacônico comunicado oficial informou que o presidente retomaria " as suas atividades normais ". Ao mesmo tempo, em Kisangani, ao contrário, era reservada a Laurent Désiré Kabila uma acolhida entusiástica e transbordante. Os habitantes da capital do Alto-Zaire, em mãos dos rebeldes desde 15 de março, receberam o seu chefe como um libertador".
( Le Monde, 23 - 24 de março de 1997 )
O fragmento de reportagem retrata um episódio da luta revolucionária no Zaire (atual República Democrática do Congo), em 1997, em que se destacam duas personalidades políticas.
De um lado, o coronel Mobutu Sese Seko, ditador que assumiu o poder, em 1965, com apoio dos Estados Unidos da América. De outro, Laurent Desiré Kabila, antigo militante comunista e opositor de Mobutu desde os anos 60.
As trajetórias políticas desses dois personagens refletem uma conturbada história de conflitos que se abateram sobre o Zaire após a conquista de sua independência, em 1960.
a) Apresente uma razão para o apoio dos Estados Unidos da América à ascensão de Mobutu ao poder nos anos 60.
RESPOSTA PADRÃO (GABARITO OFICIAL): O aluno deverá apresentar uma razão para o apoio norte-americano a Mobutu, considerando os interesses políticos, econômicos e estratégicos dos norte-americanos na África Central tais como: os norte-americanos temiam que surgisse um Estado socialista na África Central, aliado à União Soviética, o que implicaria em um novo equilíbrio estratégico, favorável aos soviéticos; os EUA pretendiam inserir o Congo em sua estratégia neocolonial.
b) Explique duas heranças da era imperialista que afetaram economicamente os atuais estados africanos independentes.
RESPOSTA CORRETA (GABARITO OFICIAL): O aluno deverá explicar duas heranças econômicas que a era imperialista deixou nas áreas coloniais, considerando que: a organização de economias primário-exportadoras destruia as atividades econômicas tradicionais; a insuficiência de mão-de-obra técnica qualificada, de capitais e de know-how tecnológico dificultavam o desenvolvimento de uma indústria nacional capaz de criar bases materiais para o desenvolvimento nacional independente.
c) Cite um movimento de descolonização afro-asiático que tenha resultado na construção de um regime político socialista.
RESPOSTA CORRETA (GABARITO OFICIAL): O aluno deverá citar um movimento de descolonização que resultou na formação de um regime socialista, tal como: MPLA, em Angola, FRELIMO, em Moçambique e a ação do PC no Vietnã.
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pt.wikipedia.org (COLONIZAÇÃO AFRICANA)
A colonização recente da África
Pode dizer-se que a colonização recente da África iniciou-se com os descobrimentos e com a ocupação das Ilhas Canárias pelos portugueses, no princípio do século XIV.
Processo de ocupação territorial, exploração econômica e domínio político do continente africano por potências europeias. Tem início no século XV e estende-se até a metade do século XX. Ligada à expansão marítima europeia, a primeira fase do colonialismo africano surge da necessidade de encontrar rotas alternativas para o Oriente e novos mercados produtores e consumidores.
No século XIV, exploradores europeus chegaram a África. Através de trocas com alguns chefes locais, os europeus foram capazes de capturar milhões de africanos e de os exportar para vários pontos do mundo naquilo que ficou conhecido como a escravidão.
No princípio do século XIX, com a expansão do capitalismo industrial, começa o neocolonialismo no continente africano. As potências europeias desenvolveram uma "corrida à África" massiva e ocuparam a maior parte do continente, criando muitas colônias. Entre outras características, é marcado pelo aparecimento de novas potências concorrentes, como a Alemanha, a Bélgica e a Itália.
A partir de 1880, a competição entre as metrópoles pelo domínio dos territórios africanos intensifica-se. A partilha da África tem início, de fato, com a Conferência de Berlim (1884), que institui normas para a ocupação, onde as potências coloniais negociaram a divisão da África, propuseram para não invadirem áreas ocupadas por outras potências. Os únicos países africanos que não foram colônias foram a Etiópia (que apenas foi brevemente invadida pela Itália, durante a Segunda Guerra Mundial) e a Libéria, que tinha sido recentemente formada por escravos libertos dos Estados Unidos da América. No início da Primeira Guerra Mundial, 90% das terras já estavam sob domínio da Europa. A partilha é feita de maneira arbitrária, não respeitando as características étnicas e culturais de cada povo, o que contribui para muitos dos conflitos atuais no continente africano, tribos aliadas foram separadas e tribos inimigas foram unidas. No fim do século XIX, início do XX, muitos países europeus foram até a África em busca das riquezas presentes no continente. Esses países dominaram as regiões de seu interesse e entraram em acordo para dividir o continente. Porém os europeus não cuidaram com a divisão correta das tribos africanas, gerando assim muitas guerras internas. Os seguintes países dividiram a África e "formaram" países africanos existentes ainda hoje.
A organização do continente africano sob o domínio europeu
O processo de dominação europeia na África teve início no século XV como consequência da expansão marítimo-comercial dos países europeus. Como a África se localiza no trajeto dos navios que iam da Europa para a Ásia, os europeus estabeleceram na sua sua costa postos de comércio de mercadorias. Os europeus trocavam especiarias trazidas das Índias por ouro, pedras preciosas, madeiras (como o ébano e o caucho) e até mesmo por prisioneiros de grupos inimigos. Esta fase de troca de mercadorias durou até o século XIX, quando os países da Europa, que estavam passando por um extraordinário processo de desenvolvimento econômico provocado pela Segunda Revolução Industrial, precisavam de matéria-prima e de mercado consumidor para seus produtos e, por isso, disputaram territórios na África e na Ásia. Assim, a África foi explorada e dividida entre as nações europeias mais poderosas na época (Alemanha, Bélgica, Espanha, França, Itália, Portugal e Reino Unido).
Esse processo de dominação não ocorreu pacífica nem definitivamente. As nações europeias, com o objetivo de ampliar seus domínios, instigavam disputas entre as etnias e os diferentes territórios dominados. Como as disputas pelo território africano se intensificavam, as mais poderosas nações europeias reuniram-se, em 1884, na Conferência de Berlim (1884-1885), com o objetivo de regulamentar a ocupação da África. Ao final desta conferência, o continente africano foi dividido entre as potências europeias sem respeitar as diferenças culturais de cada povo dominado. Assim, povos de uma mesma etnia ficaram divididos e povos rivais passaram a conviver sob um mesmo domínio, sendo obrigados a assumirem a cultura dos colonizadores sem terem os mesmos direitos que eles. Essa partilha sem respeitar as diferenças étnicas gerou conflitos que duram até os dias atuais. Até 1913, a África tinha a maior parte de suas unidades políticas dominadas por europeus. Apenas a Abissínia (atual Etiópia), que conseguiu expulsar os italianos, a Libéria, que foi alvo investida dos EUA, mantiveram-se independentes.
Somente ao final da Segunda Guerra Mundial começaram a ocorrer na África movimentos pela independência, pois a Europa estava destruída e enfraquecida pela guerra. Entretanto, surgiram duas novas grandes potências mundiais: os Estados Unidos da América (EUA) e a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Assim, mal a África deixou de ser dominada pelos países europeus e já foi alvo de disputa entre EUA e URSS, que se encontravam em plena Guerra Fria (1945-1989). Muitos dos movimentos pela independência contaram com o apoio militar da URSS, que pretendia expandior seus territórios e, consequentemente, instalar o regime político instalado no seu país (socialismo). Em virtude disso, os EUA negociaram com a Europa a independência de outros países, desde que eles se propusessem a instalar o regime capitalista. Dessa forma, ao terminar a Segunda Guerra, a África passou por um processo de descolonização. Contudo, a independência política não garantiu desenvolvimento econômico, pois até mesmo alguns dos países africanos com médio IDH ainda dependem da exportação de produtos agrícolas cultivados no sistema de plantation e seus recursos minerais são explorados por empresas transnacionais. O continente contribui atualmente com menos de 2% do PIB mundial e metade de sua população vive abaixo da linha de pobreza. Entretanto, as consequências da partilha da África não se limitam apenas às questões econômicas. Elas também provocaram guerras civis entre povos diferentes, obrigados a conviver em um mesmo domínio dos europeus, e que perduram até os dias atuais. Outro problema advindo da partilha é o regime racista que se estabeleceu na África do Sul.
O início da descolonização da África
Esta ocupação prosseguiu até ao fim da Segunda Guerra Mundial, quando todos os estados coloniais foram obtendo gradualmente a independência formal, num processo que se chamou descolonização. Hoje, existem no continente mais de 50 países independentes, todos mantendo as fronteiras traçadas pelo colonialismo europeu, o que denota o quanto a interferência europeia se mantém até os dias atuais. Após a Segunda Guerra Mundial ocorrem movimentos de resistência e, apesar de muitas manifestações serem reprimidas com violência pelos colonizadores, o processo de independência das colônias europeias do continente africano verificou-se irreversível.
QUESTÃO 5
"O neoliberalismo, como sistema mundial, é uma nova guerra de conquista de territórios. (...) Como todos os conflitos, este também obriga os Estados nacionais a redefinir sua identidade.(...) O novo capitalismo internacional torna os capitalistas nacionais caducos e esfomeia, até a inanição, os poderes públicos. O golpe foi tão brutal que os Estados nacionais não têm força para defender os interesses dos cidadãos."
(Subcomandante Marcos, Por Que Combatemos,
in Suplemento Mais, "Folha de São Paulo", 5/10/1997)
No texto há uma clara condenação dos efeitos da globalização econômica e financeira no que se refere às políticas públicas, tradicionalmente operadas pelos Estados nacionais.
a) Apresente dois argumentos que se opõem ao neoliberalismo.
RESPOSTA PADRÃO (GABARITO OFICIAL): O aluno deverá apresentar dois argumentos contrários ao neoliberalismo tais como: a abertura da economia prejudica o desenvolvimento da industria nacional, reduz o mercado de trabalho industrial e agrava o desemprego; o Estado mínimo reduz os investimentos sociais; a inserção em um mercado capitalista globalizado torna vulnerável a economia nacional, pondo em risco a soberania do Estado.
b) Justifique por que a política de privatização tem sido adotada por vários Estados, inclusive o Brasil.
RESPOSTA PADRÃO (GABARITO OFICIAL): O aluno deverá justificar a política de privatização adotada por vários países, inclusive o Brasil, considerando: a crise do capitalismo e a nova ordem internacional a exigir redução de gastos públicos e fortalecimento do setor empresarial; a necessidade de aumentar a arrecadação para o controle do déficit público acumulado pelos estados; a política de geração de fundos financeiros para o controle dos processos inflacionários existentes nas economias dependentes
c) Explique por que a União Européia representa uma reação a esse processo de fragilização dos Estados nacionais.
RESPOSTA PADRÃO (GABARITO OFICIAL): O aluno deverá explicar que a União Européia é uma resposta ao processo de fragilização dos Estados europeus, considerando a atual competição no mercado internacional que incentiva a formação de blocos para o enfrentamento da acirrada competição internacional.
CLICK E LEIA SOBRE BLOCO ECONÔMICO
pt.wikipedia.org (BLOCO ECONÔMICO)
Os blocos comerciais, ou blocos econômicos/económico, são agrupamentos de países que têm como objetivo a integração econômica e/ou social. Podem ser classificados em quatro categorias distintas: Áreas ou Zonas de Livre Comércio, Uniões Aduaneiras, Mercados Comuns e Uniões Econômicas e Monetárias.
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